Vem!



Alguns sinais marcavam o empenho.
Uma caneta estourada, uma borracha sem existência.
Era assim que se fabricava um simulacro de compreensão. Essa coisa tardia sem precisar.
Ela veio coberta de reticências, vírgulas só por rebentação da exigência estética.
Agarrada a duas terras diferentes de línguas antagônicas. No meio o inalcançável ponto.
Precisava da intransigência para sua vocação.
Ninguém viu sua hora. E seguiu.

"Volta! Porra de existencialismo fodido esse!"

A merda do inconsciente é um sujeito manhoso e tem mais é que tomar no cu mesmo. Afinal todo mundo precisa de companhia..

Sorriu, abriu a geladeira, pegou uma maçã e mordeu. Era dia de pagar a conta de energia, condomínio, votos de silêncio e..pintar uma parede da sala.

Laranja, bem berrante!

Da última vez pintara com manchas que pareciam uma pasta de amendoim que lembrava mais cocô. E toda vez que chegava algum cobrador ela abria a porta e apontava:

"Encosta a bunda ali e arrasta, pode cagar mais um pouco, o espaço foi reservado pra isso mesmo"

É foda mas o óbvio precisa ser sempre dito.

Amanhã será dia de cobrar o cobrador.

"Não, volta! Amanhã será dia de matar o cobrador."

Alisou a última bala..