A maldição da lista continua

Compactuando com a maldição-convite de Paulo Castro bebedor de xixi e mantenedor do estilo fudição no inferno é pouca merda, atendi, joguei pra cima os dados e dedos e tá aí agora pra quem quiser ver. A tal "listinha pela não edificação" (cujo nome por sinal achei esnobe pra caralho).

Mas resolvi contrariar o contrato com o blog anterior e comentar meus cinco autores melando em verso e prosa.

Não largo minhas bolhas de sabão por nada, nem se garantissem e pagassem minha cremação.

Não esperem grande coisa porque no fim é tudo um grande pretexto pra falar do que mais entendo: eu, eu e eu mesma, e eles em mim, ou seja, eu de novo.

Haja saco.

Mas não vou mentir, quando acabei até bati na mesa e falei: "É buchaaaa!"

Após o monólogo o dominó continuará. Quando encontrar mais cinco criaturas tão entediadas quanto eu que se prestem a esse grande serviço humanitário colocarei seus blogs listados.

Julio Cortázar:

Quem me apresentou foi meu amigo André. "Grazzi, esse aqui é o Júlio e ele já te conhece melhor que eu".Fui verificar e vi que era verdade mesmo. Passei a ler tudo que encontrava dele pela frente.Meu amigo então me propôs um menage (não suspeitaava do seu tesão) mas eu não quis, não dava pra entrar mais ninguém ali.Tornei-me o Axolote de Cortazar e ele virou meu olho de vidro. Inúmeros contos. Só que os meus eu rasgo quando quero virar peixe frito. Aquarius. Raiz azul que tende a ficar roxa.

Virginia Woolf :

Orlando na orla rola

Eu e ele somos a mola

Ela e eu nos ondulamos

Iremos e fomos um, orlando...
Minutos nas horas; segundos

vestígios de fluxos são fundos

Torneios eternos sem tempo

Queremos a carta do vento
Seremos o que seremos

Ontem eu não vou, não vou

Porque já sei que não estou
Flush me disse amanhã que chora

Só por ter passado da hora

Do que da nossa morte ficou.

Dostoievsky:

Ligamo-nos eu e ele através de doenças crônicas. A cada retorno, mais um filho pródigo.Seu jeito de ser eu me confortava e me doía e quis congelar com ele na Sibéria, mas com muita vodka derramada e tocada fogo antes.E a cada lida e relida (sim, foram muitas) buscando moinhos dentro do chão me aperfeiçoava em ser o que sou hoje. Uma perfeita Idiota.

Jean Genet:

Coito, coito, coito - morto

Morto, morto, morto - vivo

Vivo, vivo, vivo - corvo

Corvo, corvo, corvo - crivo

Galope com sela. Não há janela

Janela sem chuva. Não há garoa

Garoa com cela. Não vale nada

E prata é Biombo na tua doida

Sabe o final da roda louca

Sente e rasga o cu do mundo

Geme e grita que é imundo

Sei o que sabe o teu cinismo

Menina esporrada como menino

Cuspimos em tudo que não nos mova.

Patrick Suskind:
Só li um dele e não quero ler outros.Grenoille me deixou num transe de ternura total, do início ao fim daquele Perfume sem frasco.Tanto que gritei no final do livro como uma histérica mocinha torcendo pelo herói e querendo ser estraçalhada e comida aos pedaços no lugar dele.Preciso dizer algo mais? Não, então não digo. Tá bom por hoje porque vou ter que desossar um frango pro almoço de amanhã.

5 comentários:

Paulo Castro disse...

Taí.
Dostoiévski é uma coisa que bate forte, mesmo quando ele é menor, como naquele romance de formação, "A Senhoria". Alguém que aluga o quarto para um febril rapaz. Mas a moça é atormentada por um bruxo satânico, seu marido, seu pai, seu tirano. E o amor entre a senhoria e o visitante fica sombreado por essa presença bizarra. Claro que para eles é o inferno, mas para nós - leitores - é o que há.
Cortázar é o vício da linguagem feita como jogo. Foi dito que ele pode ser lido em qualquer sequência. Como confissões de enxadristas.
Os dois me tremem, como visitante e jogador que sou.
Bj.
°

Anônimo disse...

(Livros, livros e livros. A única coisa que vale mesmo o próprio quilo.)²

Anônimo disse...

não tenho a bagagem de tantos livros lidos ou o conhecimento de diversos autores.
mas sei de uma escritora que traduz meus sentimentos da forma exata que eu escreveria, se tivesse esse dom.Grazzi Barretto, me identifico horrores =)

Anônimo disse...

Gosto do Cortázar e Dostoievsky, mas que papo é esse dos teus autores preferido sem constar o meu nome??

Eu tenho que vir em primeiro lugar!!!

Eleanor Rigby disse...

Em algum lugar rumo ao farol, com vodka derramada, nessa nossa inarredável sina de idiotas aperfeiçoados ou não, me encontro contigo e me forço no seu menage, Grazzi. :P
Sensacional..
Aguarde-me em breve. ;)