Genealogia da Inveja ou Grazzi-Bel a despeito das flautas



Passe a dama por debaixo da mesa.
Ela tem 64 chances na ascendência e 32 na descendência.
O pó de engodo não trina, se estabelece.
E pela beira, o corpo coagulava?


A noite cobriu o tabuleiro delirante de fendas. Numa passagem de flash.
Começou nesses membros a mais que chegaram e já estavam aderidos. Vez que empolava as dobras, de tanto reunir. De duas em duas é que o movimento esvazia o horizonte. Ficaram 20 em cada país. E as casas dividiram-se entre claras e escuras.

O silêncio, por dentro, era de lava. E diziam que ela não podia com a palavra:

'Isso, menina, escreva! que poeta, heim?'. E ela, centauro de tetas, estranhava o arremesso. As casas pretas tomavam as brancas no deslize. Mas só as brancas podiam começar o jogo.

"Onde livro anunciado, me dissolva a menstruação!"
Então ela abria a porta, a pia ainda pingando papéis, ia se cortando em tirinhas, para enfeitar o natal em família.
A irmã oferecia um dinheiro para o brilho e costuravam agulhas no cristal.

Pelo que lhe restava num segundo de memória, observou por mais de cem anos o observado se observando: conceitos pediam sempre companhia;
Era engraçado criar tantos já desacreditando de todos, tremer um pouco ao saber e ouvir Lou Reed mirando o disco.
‘Sabe, a captura é obrigatória’.

Depois onomatopéia de gorila-imitação avançando sobre si e mais risos trouxas, às vezes uma lágrima por não se lembrar mais como era antes de soletrar. De cheiro de bosta de camelo era a insígnia.

Também não acreditava em sorte ou azar, bastava fechar os olhos,"Valei-me vó!" e PuFF!Porquês não lhe interessavam mais que um chiclete grudado no cabelo. "Podem rapar! Vendo perucas, carecas! Mas os pentelhos são meus." Segunda casa de coroação.

Uma vez a febre queimou o primeiro armário. Já estava em paz com a sodomia. mas a febre vinha raspando o sacro na fagulha, e ela correu.
'Quem é?'
'Sou eu, com as surpresas'
'Tem certeza que vai viver aqui?'

E foi colocando as pedras no móvel e na geladeira, aparas de músculos que saltavam pra dentro da saliva quente.
Gargalhava quando, nela, a gorila ameaçava, a sala virando montanha. Subiam e desciam pelas gavetas compondo mosaico e paredes de ruas.
'Tenho certeza sim'.

Então tá. Entra sem diagonal!

Terceiro armário no andar de quarto sem compasso e o quinto fazendo porta no sexto simulacro. Sorri sobrando no ritornello.

O segundo armário era tão simples que se construíam exércitos de chaves. Chovia no eixo das dobradiças. 'Sem casa, pode? Vagabunda’!

Esqueci a porta da cozinha aberta. Daquela vez a gorila derrubou o tabuleiro e engoliu as pedras. O trapezista foi um homúnculo que babava prosopopéias. Lembro de um incêndio que não acudiu retina. Um vodu gangorrava o alheamento.

E agora não sei se era dia ou noite. Não é agora que se diz sonhei?

(Ele atravessou o poço, provou que era feliz e gozou no garfo de uma suspeita).

Afinava a carcaça de seda no magarefe e encurtava as ancas pra mijar na boca dele.

"Troco um lote de metáforas por uma vassoura que não voe" e foi a pé mesmo, morder umbigos em necrotérios.

9 comentários:

Basica-M€nt€ disse...

cem comentários..

Tony disse...

17:54 de sexta 23/01...

Vou ler denovo. n credito no que li..

Tony disse...

18:14 de sexta

ritornello?? que porra eh essa??

Vou ao necroterio ve o que sobrou pra mim...

Anônimo disse...

hahaha Vc é uma debochada que veio de algum tipo de inferno ou céu?

Foi muito bom vir aqui hoje e saber que vc é da terra criatura!

Bjos
Dani

Zisco disse...

Um passatempo ou um modo de vida?
Tudo pode se r feito a partir do ato prazeroso ou não de se morder umbigos em necrotérios.

ºª disse...

esse negócio de morder umbigo em necrotério atrapalha os negócios do laboratório hermes pardini.

Unknown disse...

nem sei mais o que comentar...

Samantha Abreu disse...

que texto!
achei forte, mas muito sensível. Uma dor compaixão, me parece.
E olha que coisa: hoje, quando acordei, notei que dormi com a porta da cozinha aberta! Odeio quando isso acontece, medrosa como sou.
Eu eu ando procurando alguém que troque um saco de metáforas por uma garrafa de vodca. Com suco de uva.
adorei o texto e a parceria de vocês.
Um beijO, lindonas!

Paulo Castro disse...

Perec tem mum livro demasiadamente grosso, ao pouco que oferece, e com o título pretencioso. Não que eu não o seja, sofro desse mal, a ponto de desprezar alguém que não saiba o que seja rotornello ou nunca tenha ouvido falar de Vico. O que no caso, é um problema meu pois poderia sem isso hoje receber muito mais convites para jantar fora. Pois bem, Perec gasta a nossa paciência com "Vida: Modo de Usar".
Mas depois de "Genealogia(...)"l, inicialmente da Moral, e agora da Inveja e a despeito das flautas, vejo que a simples analogia jogo/vida pode ir para além da tela, no sentido em que além cria da tela várias telas unidas ( "multi-homem", lembra desse desenho ?) por cordões de várias micro-fibras que conduzem velozmente flash's de vida simultaneamente, em que o pneu não vale menos ( nem mais ) que o coração partido, bastando respeitar a regra de se dedicar a cada tela, sem preguiça, pois as que vão abrindo - pop-ups de percepção imadiata - devem ser consumidos, sob a pena de infringir a regra do jogo e com isso, até mesmo esquecer que ritornello é essencial, ou que a vassoura doméstica é cheia de aeroportos de Dasein.
Beijos.