Mas resolvi contrariar o contrato com o blog anterior e comentar meus cinco autores melando em verso e prosa.
Não largo minhas bolhas de sabão por nada, nem se garantissem e pagassem minha cremação.
Não esperem grande coisa porque no fim é tudo um grande pretexto pra falar do que mais entendo: eu, eu e eu mesma, e eles em mim, ou seja, eu de novo.
Haja saco.
Mas não vou mentir, quando acabei até bati na mesa e falei: "É buchaaaa!"
Após o monólogo o dominó continuará. Quando encontrar mais cinco criaturas tão entediadas quanto eu que se prestem a esse grande serviço humanitário colocarei seus blogs listados.
Julio Cortázar:
Quem me apresentou foi meu amigo André. "Grazzi, esse aqui é o Júlio e ele já te conhece melhor que eu".Fui verificar e vi que era verdade mesmo. Passei a ler tudo que encontrava dele pela frente.Meu amigo então me propôs um menage (não suspeitaava do seu tesão) mas eu não quis, não dava pra entrar mais ninguém ali.Tornei-me o Axolote de Cortazar e ele virou meu olho de vidro. Inúmeros contos. Só que os meus eu rasgo quando quero virar peixe frito. Aquarius. Raiz azul que tende a ficar roxa.
Virginia Woolf :
Orlando na orla rola
Eu e ele somos a mola
Ela e eu nos ondulamos
Iremos e fomos um, orlando...
Minutos nas horas; segundos
vestígios de fluxos são fundos
Torneios eternos sem tempo
Queremos a carta do vento
Seremos o que seremos
Ontem eu não vou, não vou
Porque já sei que não estou
Flush me disse amanhã que chora
Só por ter passado da hora
Do que da nossa morte ficou.
Dostoievsky:
Ligamo-nos eu e ele através de doenças crônicas. A cada retorno, mais um filho pródigo.Seu jeito de ser eu me confortava e me doía e quis congelar com ele na Sibéria, mas com muita vodka derramada e tocada fogo antes.E a cada lida e relida (sim, foram muitas) buscando moinhos dentro do chão me aperfeiçoava em ser o que sou hoje. Uma perfeita Idiota.
Jean Genet:
Coito, coito, coito - morto
Morto, morto, morto - vivo
Vivo, vivo, vivo - corvo
Corvo, corvo, corvo - crivo
Galope com sela. Não há janela
Janela sem chuva. Não há garoa
Garoa com cela. Não vale nada
E prata é Biombo na tua doida
Sabe o final da roda louca
Sente e rasga o cu do mundo
Geme e grita que é imundo
Sei o que sabe o teu cinismo
Menina esporrada como menino
Cuspimos em tudo que não nos mova.
Patrick Suskind:
Só li um dele e não quero ler outros.Grenoille me deixou num transe de ternura total, do início ao fim daquele Perfume sem frasco.Tanto que gritei no final do livro como uma histérica mocinha torcendo pelo herói e querendo ser estraçalhada e comida aos pedaços no lugar dele.Preciso dizer algo mais? Não, então não digo. Tá bom por hoje porque vou ter que desossar um frango pro almoço de amanhã.
5 comentários:
Taí.
Dostoiévski é uma coisa que bate forte, mesmo quando ele é menor, como naquele romance de formação, "A Senhoria". Alguém que aluga o quarto para um febril rapaz. Mas a moça é atormentada por um bruxo satânico, seu marido, seu pai, seu tirano. E o amor entre a senhoria e o visitante fica sombreado por essa presença bizarra. Claro que para eles é o inferno, mas para nós - leitores - é o que há.
Cortázar é o vício da linguagem feita como jogo. Foi dito que ele pode ser lido em qualquer sequência. Como confissões de enxadristas.
Os dois me tremem, como visitante e jogador que sou.
Bj.
°
(Livros, livros e livros. A única coisa que vale mesmo o próprio quilo.)²
não tenho a bagagem de tantos livros lidos ou o conhecimento de diversos autores.
mas sei de uma escritora que traduz meus sentimentos da forma exata que eu escreveria, se tivesse esse dom.Grazzi Barretto, me identifico horrores =)
Gosto do Cortázar e Dostoievsky, mas que papo é esse dos teus autores preferido sem constar o meu nome??
Eu tenho que vir em primeiro lugar!!!
Em algum lugar rumo ao farol, com vodka derramada, nessa nossa inarredável sina de idiotas aperfeiçoados ou não, me encontro contigo e me forço no seu menage, Grazzi. :P
Sensacional..
Aguarde-me em breve. ;)
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