Quando não há carnaval..




..então costuramos nossas mãos assim, em relevos salivados de boca.

Você é mesmo algo desenhado entre a minha e o desejo de morder gagueiras.
Morri, meu pássaro. Só pra te alcançar.
Enquanto te sobrevoava desci docemente sobre teu peito de arroz, a mais fina tecelagem entre meus dedos escuros.
Tão morno teu cantar que cavou um vulcão e ficou lá, borbulhando favos e pólen numa forma minério-animal que nunca vira antes.
Carvão adormecido em savanas, acordando marfim sinuoso dentro do sexo mamífero.
Foi jorrando leite do moinho que te ofereci a casa e o dedal.
Com solenidade ímpar aderimos duas cloacas e ficamos pegajosos lambendo violentamente as seis bulhas.
Nos intervalos que não haviam comemos nossas costas arranhadas com suturas saltando dos olhos-asas.
Quanto mais invasores, invadidos.
E tanto que finalmente..Eu-você e sem categoria nem espécie.
Agora somos uma raça de peles que desdobram-se hibridamente para sobreviverem ao amanhã.

Um candeeiro guarnece toda a emboscada em canela e hortelã furiosas..

26 comentários:

jorgeana braga disse...

essa é a verdadeira ante-sala do carnaval. belo grazzie, como todos.

Cell Miranda disse...

...há tempo para sorver.

animalesca
visceral
selvagem
instigante
forma de se comer!

Rodrigo de Almeida disse...

A loucura das letras que surge instintivamente, de forma sã, nas mentes de Grazzi.

Anônimo disse...

Cheiroso e macio como uma mulher bem cuidada. Porém ela pensa demais.
Gostei muito deste.
Abraço.

Carolina

Rogério Camargo disse...

com solenidade ímpar, te ponho ao par:

tá do caralho!!!!

Zisco disse...

Meus olhos-asas sempre me levam por terras com montanhas-vulcões, quando lêem teus escritos-viagens.

Anônimo disse...

eu queria ser comido por vctodoooooo
puta que pariuuuu!!!!

Zisco disse...

Meus olhos-asas não são só meus, são muito teus, porque sem a tua arte , se tornam olhos-não-asas

Samantha Abreu disse...

"Agora somos uma raça de peles que desdobram-se hibridamente para sobreviverem ao amanhã."

me parece uma ótima declaração de amor...
e sobreviver ao amanhã é mais difícil que ser devorado. Muito mais.
Lindo, querida!
Lindo.

beijos!!!

enten katsudatsu disse...

Deu vontade é de colocar na parede de costas e morder seu pescoço e beijá-lo todo com esse texto.

Hahahahahahahahhaha.

Beijos e abraços.

Cássio Amaral.

Izabel Xarru disse...

silêncio. um silêncio de mosteiro, cheio de gemidos. a carne do silêncio. e muita sede na água pelo rosto, pelo peito. e uma areiazinha fina, na língua, com sal. uma crina de ouro. céu de veludo. novamente na boca.

Luis Surprises & Grazzi Yatña disse...

Deixa-me respirar um pouquinho...

Ufa!

Agora já posso comentar:

SUBLIME!

Como tudo, simples e especialmente é.

Beijos, canela e hortelã.

Anônimo disse...

Entre as frinchas da porta surge Grazzi que sai se enroscando nas letras, lambendo as sílabas e nós aqui, sorvendo esses pingos de tinta desse papel ávido.

Rachel Moraes

Unknown disse...

Só por um dia queria entrar na mente da Grazzi para desvendar a instigante natureza da escrita.

Muito Boa

bjs

Unknown disse...

...e o maestro cósmico te inspirou a jorrar esse orgasmo de metáforas!

amanhecer disse...

Pout´s, to de cara aqui...
Gra, vc se supera....Amei !!!

...Tão morno teu cantar que cavou um vulcão e ficou lá, borbulhando favos e pólen numa forma minério-animal que nunca vira antes...

Como postou uma pessoa aqui,

Sobreviver ao amanhã é mais difícil que ser devorado. Muito mais.

Beijos Flor Rara

Odir disse...

Quando não há carnaval você, sozinha, faz um inesquecível baile de gala, Grazzi.

E, além de um privilégio, é uma honra estar aqui entre os amigos - que comentaram de forma estupenda (hoje ficou muito difícil citar apenas um ou dois coments) - e ser um dos convidados pra esse pantagruélico sarau que você sempre nos prepara... Você, parideira de sensações, vetor de sentimentos.

Um grande beijo pra ti, Grazziela
Barretto - Poeta.

Green Eyees disse...

Você está cada vez mais intensa e borbulhante...não sei até quando esse espaço aqui vai ser suficiente para tanto polén...e as imagens estão sempre maravilhosas...tanto as escritas quanto as fotografadas....
Queria ter tido esse carnaval que vc teve...mas me contento em sonhá-lo com vc...
beijos...

San disse...

Grazzi, tens a "essência" na alma, nunca se preocupe em entender, mantenha-a em atividade-contínua, para que possamos nos deliciar! Bravo!!! ;)
Beijo

noite disse...

estupendo graZZ,
fiquei em segredo eztaze
com tuas palavras...

Anônimo disse...

Zi, vou deixar um breve comentário sobre esse seu texto que, realmente, demonstra o talento que há dentro de você: Carnaval é assim mesmo, pelo que eu entendi, até mesmo sem sentido, quando duas pessoas se beijam ou se envolvem, sem ao menos nunca terem se visto antes.... adorei a parte "Quanto mais invasores, invadidos.
E tanto que finalmente..Eu-você e sem categoria nem espécie...." é isso aí, mana, às vezes somos assim mesmo.... beijos

Anônimo disse...

Gostei da forma instintiva com que o texto está escrito..
Foi como se vc apenas fosse digitando, deixando as palavras ganharem vida na tela.
Tem muito da Grazzi nesse texto, por isso mesmo que ficou simplesmente doce, enigmático e profundo, visceral e tocante...

Beijos!

Eleanor Rigby disse...

Se eu disse qquer coisa, maculo o meu próprio encantamento diante do teu pedaço de alma. Então, deixo só a saudação e o afeto de uma alma irmã.
amo-te.

Unknown disse...

O Rei Momo do seu estilo reina o ano inteiro e não precisa de fantasias para fantasiar!!!
Parabéns Grazzi

Anônimo disse...

Quando não há carnaval o sentimento invade e tudo que antes nos consolava vira nossa maior maldição...

Simplesmente visceral.


Parabéns...

Andre Silva disse...

Sensualidade de uma beleza incandescente.
Mais uma fina iguaria, Grazzi...